terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Da beleza

Há muitos motivos para uma pessoa se apaixonar.
O primeiro, e mais comum, é obviamente a beleza.
Segundo Stendhal, "A beleza é a promessa de felicidade"; diz Proust que as mulheres de beleza clássica só são apreciadas por homens sem imaginação (mas isto eu li no Alain de Botton, que leituras destas seriam coisas para me estragar irreparavelmente a frescura e o encanto).
Uma pessoa altamente romântica e inventiva, como eu, precisa de um rosto com personalidade. "Um rosto com personalidade" é a expressão que habitualmente se utiliza para descrever um desvio mais ou menos acentuado das regras da proporção - um nariz torto, por exemplo - por quem está apaixonado por esse mesmo nariz torto, ou simplesmente quer ser delicado. Um nariz torto, para a romântica que idealiza, é automaticamente um sinal de desrespeito do portador pelas convenções tacanhas da sociedade. Um queixo demasiado proeminente significa independência e força de vontade, e até uma ligeira teimosia adorável. Um sorriso desalinhado é piada, humor, malandrice.
Há homens que são objectivamente bonitos, sim. Mas o que é que alguém como eu faria com eles?
É que ainda por cima os homens não se querem para evidenciar os nossos defeitos. Para isso bastam as outras mulheres. E os gays.

Give me some crooked teeth anyday.

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